quarta-feira, 11 de outubro de 2017

"É tão bom, o que é isto?", perguntou várias vezes

Poderia ter saído directamente de um filme de Holywood. É um daqueles homens de 50 anos que continuam lindos e que não deixam ninguém indiferente. Ainda por cima tímido, de sorriso contagiante como o de qualquer criança, e de muito bem com a vida.



Está sozinho porque quer estar sozinho, porque gosta de ser livre, e talvez por isso, com tanto medo de ser agarrado, evita tudo quanto é toques. Só teve um ensaio de massagem uma vez na vida e fugiu cheio de cócegas.

Vá-se lá saber porquê, comigo achou que devia experimentar. Vinha cheio de medo de fazer “má figura”, isto é, de ter cócegas.

Fiz-lhe o convite para ter uma visita guiada ao seu próprio corpo. Se houvesse algo desconfortável deveria dizer-me.

Quando lhe dei um primeiro toque muito leve, muito suave, deu sinal, mas uns minutos depois disse-me: “Sabe tão bem a palma da tua mão na minha, porque é?” Experimentei levar-lhe a mão com a mesma suavidade energética do sacro até ao alto da cabeça. “E isto é bom?”, “Sim, é tão bom, o que é?”


O primeiro toque na parte detrás das pernas e junto às nádegas trouxeram-lhe uma sensação que não sabia explicar, era desconhecida, era boa mas era também um pouco de cócegas. Mas mesmo assim confiou e entregou-se.

Já de frente pude ver o seu olhar deliciado – o tal de estar no paraíso ou nas nuvens que tanta gente refere.

Fui-lhe dando a conhecer a sua própria barriga, o peito. As temidas pontas dos dedos, já só davam prazer, nada de cócegas. Uns momentos mais tarde brinquei com a sua energia fazendo-o ter ondas orgásticas pela barriga, peito, braços, pernas. Pela primeira vez perdeu o controle da respiração e deixou que o corpo se contorcesse.


_ Fiquei muito quente, com um turbilhão de sensações no corpo todo e até na cabeça. É tão bom, o que é isto? Como é que eu sentia tantas cócegas e tu me tocas em todo o lado e fico assim?

_ Porque é preciso aprender a tocar o corpo das pessoas - expliquei-lhe. É preciso saber escutá-lo, saber o que ele precisa e quer em cada momento, e saber dar-lhe. Mas para isso é preciso aprender.

_ Que totó sou, chegar as 50 anos e não saber nada disto. E eu também posso aprender a dar prazer assim?

_ Não és totó nenhum. Simplesmente, tal como a generalidade das pessoas, não aprendeste, porque estas coisas não se ensinam nas escolas e ainda há a crença generalizada de que o prazer, dar e receber amor e afecto não se aprendem. Mas aprendem. Eu também aprendi. Também eu já não ia para nova quando me foi dada a conhecer a possibilidade de desenvolver a capacidade de sentir a mim própria e aos outros e de explorar a infinita sensibilidade pessoal que há em cada um de nós.

_ Ainda bem que vim. Que mudança de vida!

E eu, que feliz fiquei! Que maravilhoso é dar a conhecer as pessoas a si próprias. E então a um ser assim lindo e doce, absoluta boa onda, é sem dúvida uma bênção. Grata sou!